terça-feira, 26 de fevereiro de 2013



Vou ao leme do teu corpo. Na tua boca, junto ao mar, 
caminho pela límpida ciência das aves.
O meu caminho é um caminho de sombras, de sílabas, 

preciosíssimo, subtil, aberto.
Meu equilíbrio vivo, inatingível.



_________mariagomes





quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Regresso ao lamento dos rios
respiro sua sede infinita
derramo uma lágrima pela manhã
digo amor
e no horizonte faz-se uma flor
como uma carícia no sexo

A primavera anuncia-se.


_________mariagomes

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013



Acendem-se, em mim, os olhos,
a promessa solar deste alimento,
mel ou mar ou quimera,
memória inacabada que, docemente,
rasga a madrugada.


Acendem-se, em mim, as rosas,
a geografia das rosas,
que guardam o coração, o pão
e a água,
e os sonhos que migraram.



______________mariagomes

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013




dói-me esta ausência, este país de ecos marítimos e de silêncio,
esta sobrevivência legítima, e acocorada, ante um sol tão livre.


________________mariagomes

sábado, 16 de fevereiro de 2013



O mar não é maior do que as tuas mãos, meu amor, 
tecendo o espaço que amanhece, ardente, nas baionetas do tempo.

________________mariagomes

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013



Eu quero um corpo onde cesse a fadiga e a sede,
a subversão do meu olhar.
Eu quero um corpo,
uma canção que se esqueceu do medo
que dispare rente ao inenarrável poder de dizer o que refulge,
que busque o percurso do mar,
um corpo que cheire a mar,
chegue em silêncio, que ascenda, que se deseje
e se deite, comigo, por dentro,
e anoiteça.
Eu quero um corpo que tenha a grandeza apátrida
dos pássaros,
a liberdade de amar.
 
_______________mariagomes

domingo, 10 de fevereiro de 2013



Colhe a luz que cai do coração das estrelas.
Numa dor insolúvel,
entre a noite, há o esplendor de uma acácia na visão da morte,
no sangue que a habita.

É aí que desaguam as fontes, o relevo dos rios; 
É aí que vivem os Estios, os mares sem destino.


___________________mariagomes


repousarei,  para sempre, nas falésias da iluminada humanidade das aves.


____________________mariagomes